Veludo

Eu não estava pensando em adotar nenhum outro cachorro além da Balinha, que havíamos adotado em 2020, quando o olhar do Veludo cruzou com o meu. Em março de 2023, vi uma postagem com a foto dele no perfil da Vem Adotar e perguntei, como quem não quer nada: “Ele já foi adotado?”. Ao mesmo tempo em que eu pensava que eu gostaria que a resposta fosse sim para acalmar meu coração, sentia que ele tinha que ser meu.

De março a junho eu falei sobre ele em casa, torcendo para que a Deise postasse mais sobre ele, procurando as fotos dele, querendo saber como tinha sido o resgate. Até que no Dia dos Namorados, 12 de junho, eu, meu marido, Marcelo, e minha filha, Alice, nos olhamos e decidimos: “Vamos preencher o formulário”.

Eu não conhecia o Veludo pessoalmente, mal sabia o tamanho que ele tinha e nem tinha certeza sobre a idade dele – acreditamos que ele tenha cerca de 12 anos. Só sabia que ele seria meu filho e que mesmo com a idade avançada eu daria a ele, pelo tempo que fosse, todo o meu amor. Ele teria, dali por diante, a vida que sempre mereceu, ele dormiria no quentinho e teria a barriguinha sempre cheia. Ele dividiria o sofá com a Balinha.

E, então, no dia da Festa Junina da Deise, 17 de junho de 2023, eu cheguei cedo, fui até ela e me apresentei: “Sou eu quero adotar o Veludo!”. Ela não imagina a emoção que senti só de verbalizar que eu começaria aquela jornada. Uma semana depois, na Vitrine Pet, eu estaria encontrando com ele.

Quando cheguei, ele estava caminhando por tudo, olhando os adotantes escolherem seus filhotes até que eu me aproximei e disse: “Oi, velho”. A Deise não vai lembrar, mas ela se aproximou de mim e perguntou: “Tu reconheceu ele?”. “Que mãe que não reconhece um filho?”.

Se o Veludo pudesse entender as minhas palavras, eu diria a ele: “Meu velho, eu sei que a vida não foi fácil e que por isso e pelo avançado da idade tu é ranzinza, na tua, mas a mãe te ama do jeito que tu é e ver a transformação no teu olhar ao longo destes meses me faz ter certeza de que o amor salva”.